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Pós-paroxítonas

28 de junho de 2011

O húngaro é cheio delas. Quase nenhuma oxítona. Palavras de muitas sílabas, daquelas que é preciso encher os pulmões antes de falá-las. Ouço várias delas. O dia todo. E isso cansa.

Talvez seja loucura minha, mas acho que temos dois tipos de ouvidos: os que ouvem o que queremos, e os que captam tudo que está ao nosso redor. Quase nunca percebemos, mas o que escutamos sem notar nos influencia. Ou, no meu caso, o que não escuto: uma palavra brasileira.

Hoje foi um daqueles dias que a tolerância chega a níveis mínimos e as atitudes ao extremo. Não diria “obrigado” em húngaro, não diria “tchau”, ou “desculpe-me”. E quando o estresse está alto, eu decido comer Big-Mac.

Fui no senhor Donalds. Só queria falar uma palavra. Só o nome do tão famoso sanduíche. E nada mais. Então, depois de pedir um, o atendente fala algo incompreensível para mim. Começou um duelo. Eu pedia “batatas fritas grandes”, e ele entendia que eu não queria. Depois entendia que eu só queria o hambúrguer. No fim, nos meio-entendemos: a batata não era grande.

Chegando em casa cansado disso tudo, percebi que o tão rejeitado silêncio que todos os dias me recebe, hoje, teve um lado bom. E ao tomar meu banho, fiquei feliz ao ouvir um som bem oxítono e brasileiro: a água do chuveiro caindo no chão.

3 comentários

  1. Ah, esse blog tá cada vez melhor!
    O duelo me lembrou minha professora perdida. “A senhora está em Buda ou em Peste”? “Estou em Budapeste!” kkkkkkkkkk


  2. Eu


  3. Muita onda,

    Mas segue um conselho: “pede pra alguém anotar
    num papel ‘nº1 com batatas grandes'” e guarda na
    tua carteira … sempre que tu tiver afim, é só dar a
    carteirada e pronto! 😉

    abraço



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